Gírias hebraicas para conversar em Israel

A gíria hebraica, assim como a gíria de todas as línguas do mundo, é uma visão da psique do povo de um país. Mais especificamente, de uma geração. Vamos ver algumas gírias comumente usadas hoje em dia em Israel. Então, quando for falar o hebraico que aprendeu, vai se encaixar mais confortavelmente na multidão.

Fique por dentro da cultura, com as gírias hebraicas

Sof haderech — סוף הדרך

Literalmente, “fim da estrada”. Você pode pensar que essa gíria significa “acabou”, “é o fim”, “fim da linha”, etc. Mas não. Significa “ótimo!” ou “incrível!”. Possivelmente, surgiu relacionado a “um ótimo final” ou “não poderia ficar melhor do que isso”, mas é apenas um palpite nosso. A gíria, como conceito, pode parecer aleatória quanto ao seu significado.

Beramot al — ברמות על

Essa também é uma gíria para “incrível”, mas seu significado é um pouco mais claro. Ela literalmente se traduz em “de alto nível”, então dá para ver melhor a conexão. Ou seja, “Meu novo laptop é de alto nível!” Ele tem especificações técnicas parrudas, como uma placa gráfica que pode suportar várias transmissões de vídeo ao mesmo tempo, uma CPU com 18 núcleos, mais memória RAM do que um computador da NASA, etc. Portanto, contextualmente, seria “alto nível” em termos das capacidades tecnológicas, e como elas o tornam um computador incrível de usar.

Tachun — טחון

É usada para se referir a pessoas que são extremamente ricas. A tradução literal é “moer”, como em carne moída. A conexão aqui do original com a gíria é que a carne moída normalmente envolve muita carne a ser moída para ter um volume considerável. A carne moída também é normalmente vendida em pacotes grandes. É muita carne! E você normalmente não bate de frente com alguém muito rico ou poderoso, você não tenta tirar o “filé” deles. Senão, você pode acabar sentindo na própria carne. (tá bom, tentei fazer uns trocadilhos engraçadinhos aqui, mas não foram os melhores).

Yetzur — יצור

Esta gíria tem várias camadas. Ela se refere a uma espécie de “criatura”, mas também “hum, que tipo de criatura?” ou mesmo “um mutante”. Não temos certeza se tem alguma coisa a ver com as Tartarugas Ninja (que em inglês têm “mutante” no nome) ou com os X-Men de Charles Xavier, mas definitivamente “mutante” não é em um contexto positivo. Não é algo tipo, ah, você bebe cerveja canadense e tem garras de adamantium que saem dos punhos.

Não, essa gíria é mais voltada para uma pessoa que é tida como esquisita, mas uma esquisitice meio inclassificável. Não dá para falar é “esquisito por causa de tal coisa, então pertence ao grupo tal“. Onde essa esquisitice se encaixa? Em um dos vários grupos ou personas que existem na sociedade? Na verdade, não. Alguém excêntrico, que age de maneira socialmente estranha ou inaceitável, é que pode ser descrito como um “yetzur”. Como por exemplo: “Que criatura é essa?” disse alguém, enquanto o “mutante” em questão se mexia de forma alucinada na pista de dança.

Totach — תותח

O oposto de um yetzur é um totach. Nós juramos que isso não é nada freudiano. Totach é aquele tipo de homem alfa, e o significado literal é “canhão”. Então, imagine um sujeito com músculos definidos como se fizesse parte dos 300 de Esparta, tem o carisma de um Churchill e o charme de um Marlon Brando, características consideradas especialmente importantes em um país como Israel. Essa pessoa é a melhor opção para te defender e enfrentar um grupo de assassinos ninjas. Ele é popular com todos e nunca deixa o ambiente desacompanhado. O significado é militarista, porque quando se considera as diferentes divisões de um exército, a seção de artilharia é considerada a mais destruidora.

Achla – אחלה

Muito semelhante ao termo “de boas”, cabeça fresca. É como ficar tranquilo, ter a cabeça fresca quando aparece um problema. Não se deixar abalar quando a coisa está tumultuada. Sabe quem fica ali, de boas, observando tudo de longe, sem se esquentar? Esse alguém é o achla. Situações também são achla. Como quando você fica sabendo que o novo filme de John Wick será lançado em poucas semanas. John Wick é achla, porque acaba com legiões de assassinos sem suar. Ele fica tão achla nessa situação, como se estivesse numa nova Era Glacial. Mas sabe o que não é achla? A mudança climática. Vamos tentar ajudar como der, reciclando e reduzindo as nosssa emissões de carbono! Caso contrário, no futuro nem um ar condicionado muito achla vai ajudar. Talvez um que faça neve. Isso sim é achla!

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Expressões que você pode usar

Como pode ver, as gírias são muito usadas. No entanto, temos algumas frases israelenses que você também pode usar para transmitir seu ponto de vista. As frases são:

Al ta’am ve’al re’ach ein ma lehitvake’ach — על טעם ועל ריח אין מה להתווכח

“No gosto, no cheiro, não pode haver discussão.” Sim, se você pensou que isso significa que as experiências são subjetivas, como dizer se um filme, uma música, uma roupa ou até mesmo uma comida é boa ou não, você está correto. É basicamente o “concordamos em discordar” sobre o assunto em questão.

Adam le’adam ze’ev — אדם לאדם זאב

Literalmente, “uma pessoa para uma pessoa, um lobo”. O equivalente mais próximo a “mundo onde cachorro come cachorro”. Temos quase a certeza de que não há lobos em Israel, então essa frase deve ter vindo para o país com os judeus europeus. Basicamente significa, “é cada um por si”. Por exemplo, há uma crise de papel higiênico no país, e achou um lugar que ainda tem muito. Você não conta aos seus vizinhos, que têm que se contentar em usar jornais velhos. Apesar do sofrimento deles, você mantém apenas para si a informação sobre onde encontrar os papéis. O seu senso de empatia está indo pelo ralo, mas seu conforto está garantido.

Hagamal eino ro’e et dabashto — הגמל אינו רואה את דבשתו

“O camelo não vê a sua própria corcunda.” Por que não? Porque falta a ele uma visão das suas próprias características. Em outras palavras, as pessoas são cegas para suas próprias falhas, mas as apontam nos outros. Talvez porque não conseguem virar a cabeça 180 graus para fazer uma introspecção profunda. Apesar de que, no que diz respeito a certas pessoas que criticam muito, você chega a desejar que possa torcer as cabeças delas assim (mas não faz, claro, porque isso é crime). O melhor a se fazer é, enfim, dar de ombros e dizer que todos temos corcundas nas costas. E não são para carregar estoques extras de água; são para transportar bagagem extra.

Avarnu et par’o, na’avor gam et ze — עברנו את פרעה, נעבור גם את זה

Você quase pode imaginar um líder carismático durante um período de profunda crise, como por exemplo uma invasão alienígena do Planeta Terra, subindo em um pódio, diante de um grupo de cidadãos e soldados israelenses desesperados, e gritando: “Nós vencemos o Faraó! Podemos superar qualquer coisa!” Então, de repente, inspirados, os pilotos correm para os cockpits dos seus F-16 e vão iluminar o céu com os destroços das naves alienígenas.

Esta expressão muito judaica vem de quando os israelitas eram escravos no Egito, de acordo com a Torá. E, como resultado, a história do Êxodo se desdobrou. O faraó não era conhecido por ser um homem muito bom, e foram precisas dez pragas até que ele finalmente cedesse e deixasse o povo de Moisés ir embora.

O que envolveu epidemias como furúnculos. Animais selvagens. Gafanhotos. A escuridão completa. E mais algumas coisas, incluindo aquele tipo de visita que você não quer na sua casa. Mas enfim o faraó cedeu. Mesmo assim, sair do país ainda era uma missão dura, imagina ser pego entre o exército dos nossos demônios pessoais e o Mar Vermelho. Mas os judeus superaram isso, e têm o sentimento de que podem superar qualquer coisa, incluindo naves espaciais atacando de Alpha Centauri.

Aprender hebraico não tem que ser o seu “faraó” pessoal

Se você gostaria de melhorar o seu próprio hebraico, por que não fazê-lo na escola on-line mais imersiva? Nossos dedicados professores são todos falantes nativos, e nos cursos você aprende junto com outros colegas de classe. Juntos, vocês vão superar a barreira da linguagem como Moisés superou os magos da corte do Faraó. Também parecerá mágica, pois você vai conseguir aprender a língua hebraica com mais eficiência do que os israelitas desesperados que atravessaram o Mar Vermelho.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

“Os 300 de Esparta” refere-se à Batalha de Termópilas, onde uma enorme força de invasão persa desembarcou nas margens da Grécia. Os persas foram detidos, apesar de seu enorme número, por alguns milhares de soldados gregos, 300 deles espartanos. Esparta, é claro, era uma cidade-estado guerreira de renome. Eles seguraram as forças inimigas enquanto o resto do exército grego recuava, para ganhar tempo. A luta durou três dias porque eles estavam em uma posição altamente defensável, onde a vantagem numérica não podia ser usada para sobrepujar os defensores. Eventualmente, um pastor de ovelhas mostrou aos persas uma trilha que contornava o local da resistência dos soldados espartanos, e o grupo de 300 foi cercado. E a coisa acabou como seria de se esperar. Mas o evento foi considerado como uma das maiores resistências da História. E todos nós gostamos de uma história dramática, não é?

Winston Churchill era bem conhecido por seus discursos inspiradores, bem como sua fabulosa e rápida sagacidade. Ele fez um dos discursos de batalha mais inspiradores de todos os tempos, “Vamos combatê-los nas praias”. E Brando era charmoso e tinha a língua muito afiada.

Sobre o autor

Anthony FreelanderAnthony Freelander é um eterno estudante de linguística e história. Seu interesse pelo hebraico vem de uma conexão profunda com essa bela língua e com seus falantes. Ele escreve profissionalmente desde 2005.

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